
As Algarobas ameaçam as Dunas do Rosado, correndo o risco de desfigurar a área de proteção entre as cidades de Porto do Mangue e Areia Branca. As algarobas são uma espécie de árvore invasora que tem causado impactos no local.
Uma pesquisa publicada em novembro na revista científica Geographies, que analisou imagens de satélite nos últimos 20 anos. Os dados mostram que as algarobas ocupavam uma área de 435 hectares em 2024, um número mais de seis vezes superior ao registrado em 2004, quando havia 70 hectares ocupados.
Conforme os pesquisadores, o avanço da “floresta de algarobas” sobre áreas de Caatinga e restingas tem reduzido a biodiversidade nativa e a conexão natural entre a praia e o campo de dunas.
“Esse bosque enorme de algarobas barra o fluxo de areia da praia para a duna. Uma duna que não recebe sedimento vai baixando de tamanho, até chegar, no futuro, a ficar totalmente descaracterizada. O que está acontecendo lá nas Dunas do Rosado é isso. A duna está se afastando para o interior e ficando cada vez mais longe da praia”, afirma o professor Marco Túlio Mendonça Diniz, do Departamento de Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres/UFRN), em Caicó.
“Outro impacto grave na área é que a vegetação natural, a vegetação de restinga é suprimida pela algaroba. A algaroba tem toxinas que matam as outras espécies, então a vegetação nativa e outras espécies da Caatinga vão morrendo”, diz.
Os pesquisadores recomendam que o Idema adote medidas de manejo para controlar a expansão das algarobas. Gestora da área de proteção há dois meses, Jaciana Barbosa ressalta que o órgão apoia projetos e iniciativas de universidades e instituições locais sobre o manejo das algarobas.
“Nós iremos conversar com os professores e pesquisadores que já têm projetos e ver como o Idema pode ser parceiro na execução. Também [vamos] chamar os municípios para ver como podem ajudar no manejo”, explicou a gestora.
Uma dos projetos é coordenado pelo também professor da UFRN Diógenes Costa, do Departamento de Geografia da UFRN em Natal.
Chefe do Setor de Estudos Ambientais do Museu Câmara Cascudo e coordenador do Observatório das Unidades de Conservação do RN, ele afirma que a instituição já tem um acordo com a prefeitura de Porto do Mangue para realizar a substituição das algarobas por árvores nativas, como juazeiro, quixabeira e carnaúba.
